Limites e Disciplina com crianças pequenas

O aprendizado de limites começa em casa, e é melhor que seja iniciado cedo.
Estabelecer limites e impor disciplina são tarefas trabalhosas, que exigem dos pais muita habilidade e paciência. Entretanto, se os pais não o fizerem, a criança terá sérios problemas futuros, na escola e na vida.



# Lembre-se que você é o modelo de comportamento de seu filho, e aquilo que você faz é muito mais importante do que aquilo que você diz. Se quiser que ele seja bem educado com os outros, que seja paciente e que não grite, comece você mesmo/a por agir assim.

# Demonstre seu amor e dê atenção suficiente para seu filho, a fim de que ele não precise se comportar mal só para chamar a sua atenção.

# Reforce o comportamento positivo elogiando seu filho quando ele se comportar bem e for obediente. Prefira fazer elogios específicos ao comportamento (“Parabéns, você guardou seus brinquedos direitinho!”), em vez de elogios vagos ou dirigidos à criança (“Muito bem!” ou “Você é um bom menino!”).

# Prefira dar instruções de forma positiva. Por exemplo, diga “fale mais baixo”, em vez de “não grite”; diga “guarde o jogo depois de brincar”, em vez de “não deixe o jogo espalhado pelo chão”.

# Algumas crises são desencadeadas por estresse, cansaço ou fome, que são sensações desagradáveis com as quais a criança pequena ainda não sabe lidar bem. Estando atento/a a isto e adotando medidas preventivas, você conseguirá evitar alguns problemas ou cortá-los já de início.

# Reduza a possibilidade de conflitos desnecessários. Torne sua casa um ambiente seguro, com muitas oportunidades para brincadeiras e explorações. Se você não quer que seu filho mexa em certos objetos, tire-os do seu alcance.

# Distrações e/ou substituições podem ser efetivos para interromper um comportamento indesejado em crianças bem pequenas (até 2 anos), pois nessa idade a capacidade de compreensão ainda é bastante limitada. Exemplo: Se seu filho insiste em mexer nos botões do fogão, diga-lhe que o fogão é perigoso, leve-o para outra peça da casa e ofereça-lhe algum brinquedo.

# Limite seus “nãos” escolhendo aquilo pelo que você acha que realmente vale a pena brigar, como situações que coloquem a criança em risco, bater nos outros, destruir as coisas. Tenha em mente a idade de seu filho e estabeleça limites adequados. Não espere, por exemplo, que uma criança de 3 ou 4 anos vá ficar parada quieta durante toda uma longa cerimônia religiosa.

# Transmita firmeza. Quando disser “Pare de atirar a comida no chão!”, diga isso como uma ordem, em um tom de voz firme e seguro. Faça contato visual, mostrando uma expressão facial séria. Evite dar ordens à distância.

# Cada vez que precisar proibir alguma coisa, diga o motivo com uma explicação simples e clara. Por exemplo: “Você não pode morder as outras crianças porque isso dói”.

# Prepare-se para repetir as mesmas orientações muitas vezes, pois as crianças pequenas demoram até assimilar bem as regras.

# Sempre que for possível, ofereça uma alternativa aceitável quando disser um “não”. Por exemplo: “Brincar com a faca não pode porque você se machuca, mas eu posso lhe emprestar estas peneiras”.

# Se você disse um “não” e o seu filho não obedeceu, parta para a ação: interrompa o que estiver fazendo, segure seu filho, repita o que já havia dito antes e impeça-o de continuar o mau comportamento.

# Só ameace com o que você vai realmente fazer, e cumpra as suas ameaças. Por exemplo, se seu filho está gritando na lanchonete, não ameace dizendo que nunca mais vai levá-lo lá. Em vez disso, diga “Se você não parar de gritar já, nós vamos embora agora e vai levar muito tempo até a gente vir aqui de novo!”.

# Ensine seu filho que com gritos ou lamúrias ele não vai conseguir nada. Se você disser um “não”, mas ceder após alguns minutos de insistência, vai estar treinando seu filho a continuar usando esse tipo de comportamento para obter aquilo que ele quer. Explique que, quando ele voltar a falar com voz normal, vocês podem conversar. Se desse modo ele parar, tente negociar uma solução intermediária. Por exemplo: “Você não pode comer uma bala agora porque já está quase na hora de almoçar. Mas pode ir comendo este pedaço de cenoura e, depois do almoço, se você comer direitinho, eu lhe dou duas balas”.

# Seja coerente, mas não inflexível. O que não se pode fazer hoje, também não é permitido fazer amanhã. Se abrir uma exceção, explique seus motivos. Exemplo: “Hoje você pode ir dormir um pouco mais tarde, porque o vovô e a vovó estão aqui jantando conosco”.

# Controle suas emoções. Pais muito irritados tendem a ser exageradamente severos, e a insultar e/ou agredir seus filhos. Se você perceber que está perdendo o controle, respire fundo e espere alguns minutos antes de reagir. Lembre-se que seu objetivo é ensinar a criança a se comportar bem, e que você não vai conseguir isso mostrando-se descontrolado/a para ela.

# Estabeleça a penalidade conforme o tipo e a gravidade da infração, lembrando-se de dar um tratamento mais brando para problemas acidentais do que para o mau comportamento intencional ou desafiador.

# Há várias técnicas disciplinares efetivas, que podem ser usadas conforme a situação. Algumas opções:
  • Reprimendas: É o primeiro recurso que deve ser usado e, às vezes, pode ser suficiente. Critique o comportamento e não a criança, e sempre diga qual seria a alternativa correta.
  • Corrigir o erro. Por exemplo, ajudar a limpar a mesa que foi riscada com giz de cera; ajudar a guardar as roupas que tirou das gavetas e espalhou pelo chão.
  • Sofrer as consequências naturais: Jogou de propósito o copo de suco no chão, então vai beber só água; mergulhou o ursinho de pelúcia na poça de lama, vai ficar sem brincar com ele até ser lavado. Obviamente, não deixe a criança sofrer as consequências naturais em situações perigosas, como correr para o meio da rua ou brincar com fogo.
  • Intervalo. Bom para crianças pequenas, em algumas situações. Exemplo: Se o seu filho ficar arrancando os brinquedos das outras crianças na pracinha, faça ele ficar sentado no banco ao seu lado por uns minutos sem brincar. Uma referência de tempo é a de um minuto para cada ano de idade. Ao final da pausa, explique sucintamente como você espera que ele se comporte dali para diante.
  • Tirar um privilégio: Bom para crianças maiores. Exemplos: Não comeu quase nada no almoço, não ganha sobremesa; se comportou mal na escolinha, não assiste televisão em casa; não quer fazer os temas, não joga videogame.

# À medida em que aumenta a idade e a compreensão de seu filho, ajude-o a refletir sobre as opções boas e más de comportamento e suas consequências.
  • Mostre que nossa escolhas têm consequências, usando exemplos do dia-a-dia. Por exemplo, explique para seu filho que, se ele se comportar mal na casa do amiguinho, pode não ser mais convidado para ir brincar lá novamente.
  • Leia com seu filho livrinhos de histórias com modelos simbólicos exemplares positivos e negativos, conversando com ele sobre as histórias. Alguns exemplos: “Os três porquinhos”, “O pastorzinho mentiroso”, “A galinha ruiva”, “Pinóquio”; livros da coleção “E agora?” da editora Ática, como “Edu vê televisão demais” e “Luísa fala palavrão”; histórias diversas de “O Livro das Virtudes para Crianças”, de William Bennet.
O Livro das Virtudes para Crianças